segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Psicodélico!

Olhar para o tempo é uma forma de busca. Para sair do tique-taque interno, a que não se dirige a vista, tique-taque perfeito, que não se gasta nem se dá.Importante é manter o tique-taque de dentro no compasso da paixão convicta, para trazer à tona o que repousa no fundo, em potência. A plenitude da potência está no ato, na potência que deixa de ser promessa e se inscreve nos limites do tempo. O compasso da paixão convicta não teme o que passa, se expõe e fenece do lado de fora – confia na força do instante esperado que acontece, da surpresa que reconhece.Olhar para o tempo é olhar o mundo com tempo, que não se tem ou não se usa, quando se diz que não há tempo nem pra piscar. Ver o mundo de perto, como apenas se enxerga pela lente de um longo olhar, capaz de notar os detalhes invisíveis ao olho nu. Quando o mundo se torna mais próximo, pensamos no nosso tempo no mundo.A vida não se data, a não ser a posteriori: marcos do nascimento até a saída têm serventia, a maioria, para quem nos enxerga a qualquer distância, em qualquer época. A vida não se data enquanto escorre, pois o tempo não se laça neste momento, agora. O tempo que consumimos agora necessita de observadores externos, tanto quanto precisamos mirar da nossa janela o tempo que consome o mundo e as suas criaturas: no meio do mato ou de uma rua do planeta onde respiramos, satélite de uma estrela entre bilhões de estrelas destinadas a explodir no universo que surgiu, também, de uma explosão – a explosão criadora do tempo que é a janela em que se debruça o ser."

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